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Título: Configuração do campo acadêmico no curso de Agronomia após a Lei de cotas: um estudo à luz da teoria bourdieusiana
Título(s) alternativo(s): Configuration of the academic field in the course of agronomy after the law of quotas: a study of the light of the bourdieusian theory
Autores: Lourenço, Cléria Donizete da Silva
Rosa, Alexandre Reis
Moreira, Marcelo Sevaybricker
Miranda, Adílio Renê Almeida
Palavras-chave: Sistema de ensino
Lei de cotas
Campo acadêmico
Violência simbólica
Education system
Law of quotas
Academic field
Symbolic violence
Data do documento: 10-Jun-2019
Editor: Universidade Federal de Lavras
Citação: RESENDE, M. L. de S. Configuração do campo acadêmico no curso de Agronomia após a Lei de cotas: um estudo à luz da teoria bourdieusiana. 2019. 132 p. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2019.
Resumo: A universidade pública historicamente foi construída como um espaço da elite que possui mecanismos de seleção para filtrar a entrada de um segmento específico da população que tem acesso às melhores escolas, em geral, escolas privadas. No entanto, a política de cotas instituída com a Lei 12.711/12 gera uma ruptura com este sistema, na medida em que obriga a universidade pública a reservar metade das suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio na rede pública. Essa inserção material não pressupõe que aconteça também a inserção simbólica dos estudantes, por conta da inércia estrutural da organização, cuja própria história pode ser uma barreira impeditiva da mudança. Nesse sentido, pretendeu-se compreender como o campo acadêmico tem se configurado no curso de Agronomia, tradicionalmente procurado pela elite rural brasileira, após a implementação da Lei de cotas. Para tal, a pesquisa valeu-se do método quantitativo por meio da pesquisa documental para traçar o perfil socioeconômico dos estudantes do curso de Agronomia, antes e depois da Lei de Cotas, e do método qualitativo da história oral e da análise de narrativa, utilizando entrevistas em profundidade com os estudantes para compreender a dinâmica do campo acadêmico presente no curso de Agronomia à luz da teoria bourdieusiana. Em relação aos principais resultados, é possível afirmar que o campo acadêmico, no curso de Agronomia, tem passado por mudanças estruturais que o tornaram mais diversificado, principalmente no que diz respeito ao perfil socioeconômico e demográfico dos estudantes, mas que ainda possui tradição e resistência às mudanças culturais, explicadas pela inércia estrutural das organizações. Nesse contexto, o campo acadêmico da Agronomia acaba sendo configurado por dois perfis de estudantes: um (“nutella”) representa as mudanças estruturais que aconteceram nesse campo e o outro (“raiz”) a resistência para manter a tradição presente nele. O habitus do agrônomo continua sendo reproduzido com um per fil tradicional e incorporado pela maioria dos estudantes que historicamente ingressam no curso, que são aqueles que já possuem uma predisposição para adquirir as práticas do agrônomo “raiz”. No entanto, esse perfil “raiz” vem sendo rechaçado e tem sofrido resistência, porque o campo tem novos entrantes – os cotistas, as mulheres e os “nutellas” – e estes são portadores de diferentes níveis de capitais, o que tem diversificado o campo acadêmico. As situações de violência simbólica acontecem como consequência do processo de inculcação do habitus do agrônomo pelo sistema de ensino, e se tornam ainda mais sofridas pelos cotistas, pelo fato de eles possuírem um habitus mais distante do habitus a ser incorporado, exigindo maior esforço destes estudantes para se adaptar e obter sucesso no campo acadêmico. Assim, o sistema de ensino continua produzindo e reproduzindo as desigualdades da sociedade porque cada estudante que entra no campo acadêmico possui uma estrutura de capitais, sendo estes fundamentais para definir as posições do jogo - quem tem poder, status e sucesso. Embora o sistema de cotas reduza essa desigualdade na fase do processo seletivo, isso não impede que ela se reproduza quando os estudantes cotistas vivenciam o campo acadêmico.
URI: http://repositorio.ufla.br/jspui/handle/1/34710
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